
Dia 31 de Outubro e nem um vestígio de Halloween nas ruas portuguesas. A verdade é que para mim o Halloween significa apenas juntar-me com pessoas e passar uma noite a fazer várias coisas. Foi isso que fiz ontem (sim, tal como no Carnaval, não celebrámos o Halloween na data certa). Mascarei-me de Brian Viglione dos Dresden Dolls e passámos mais uma noite a ver filmes, jogar Buzz, falar de coisas sem grande sentido e mais umas coisas. O programa das festas é sempre o mesmo, mas as noites são sempre diferentes e especiais. Fucked up in a good way. Good in a fucked up way.
Estou com poucas horas de sono e sinto-me assim:

De vez em quando dá-me para o velho cliché de ter medo de crescer. No secundário podia não fazer praticamente nada e ainda assim ter grandes notas. Neste momento estou no segundo ano de Arquitectura e assusto-me secretamente sempre que alguém diz que a dificuldade do curso cresce exponencialmente. Até ao meu 12º ano estive sempre inserido num ambiente de total despreocupação com a aprendizagem. Sempre aderi a esse modo de estar, embora tenha feito o suficiente para conseguir entrar num curso com uma média de entrada elevada. No início estava contente. A visão de estar numa turma só com pessoas inteligentes agradava-me. Estava enganado. As pessoas não são todas inteligentes e fazer parte de um curso onde quase toda a gente se preocupa com tudo está a afectar-me ligeiramente. Geralmente os tópicos de conversa estão relacionados com o ter de acabar um trabalho ou estudar (ou falar mal de outras pessoas, como é natural). Desde que comecei o curso já vi pessoas a chorar, a gritarem umas com as outras por causa de trabalhos e a lamentar as suas vidas. Passo o tempo todo a pensar: "há tanta coisa para além disto" e por breves momentos tenho pena das pessoas que não se apercebem disso. Conheci pessoas de quem gosto na faculdade mas quase toda a gente tem uma postura demasiado adulta. Não sabem que isso não lhes dá mais maturidade. Conheci também pessoas más e antipáticas (que felizmente não são muitas e só o são para um número limitado de pessoas). Sei que nada disto me influencia porque continuo despreocupado quando não estou na faculdade. Mas o facto de ultimamente sentir algum receio sempre que alguém começa a falar da quantidade de trabalho que temos de fazer chateia-me. E fico com medo que alguns aspectos da minha maneira de pensar mudem.
Voltando ao Halloween, acabou de tocar uma criança à minha campainha. O meu pai abriu a porta e ela disse: "Doçura ou Travessura?". Se calhar devia ter feito isto em criança, embora seja um pouco deprimente a criança estar a fazê-lo sozinha. Foi-se embora depois da minha irmã lhe ter dado um pacote de gomas que já tinha sido aberto por mim.
Tenho sorte por ter grandes amigos fora da faculdade. Não sei se vou ter para sempre a atitude de um adolescente desengonçado, mas é a que continuo a ter (e que espero ter por muito tempo). São bandas como os Sonic Youth que moldaram partes da minha personalidade. Não o foram sempre, mas hoje digo sem hesitar que são a minha banda preferida. São eles que me põem ideias malucas na cabeça. Continuo com vontade de me juntar a um circo, de ter várias profissões, de viver todos os anos em países/cidades diferentes e de nadar nú no mar. Ainda quero pintar o cabelo de várias cores e passar noites em estações de comboio. Perder o controlo em concertos e rebolar no chão em locais públicos. O facto de já estar na idade adulta não mudou isso. Comecei o post com o título "Confissões de um estudante de Arquitectura", mas mudei-o agora para "Confissões de um recém-pós-adolescente", que é o que sou. Ultimamente só tenho falado de música (e vou continuar a fazê-lo porque não existe nada mais importante), mas de vez em quando gosto de escrever sobre outras coisas, que podem não interessar a mais ninguém.Por agora, e apesar de estar cheio de sono, tenho de continuar a trabalhar para Projecto e começar a trabalhar para uma entrega de um trabalho de uma disciplina que não sei bem do que trata (Matos, Matos...).
I'm not what I was last September
And I don't wear the same robes in May.
We know we shouldn't do it, but we do it anyway.
We know we might regret it but it seems OK.
Damn this wild young heart.
Damn this wild young heart.
Damn this wild young heart.
in Wild Young Hearts, Noisettes