
Tenho de falar deste álbum antes que toda a gente o faça. Não sei o que é que os críticos vão achar. Provavelmente até o vão criticar negativamente por ser um álbum maioritariamente ao vivo, ter 4 covers e ser, como disse a própria Amanda Palmer, "um pouco esquizofrénico". A verdade é que este álbum é, para qualquer fã da Amanda, absolutamente genial. É uma compilação de canções muito diferentes que proporcionam várias emoções. Enquanto uma música dá vontade de rir (nunca sendo ridícula), a próxima pode arrepiar. Ou até as duas coisas ao mesmo tempo.
O álbum começa com a Makin' Whoopie, uma das músicas que dão vontade de rir em algumas partes. Foi gravada ao vivo num concerto em que foi a primeira música a ser tocada, sendo a Amanda introduzida: "Ladies and gentlemen, she traverses the world, spreading beauty and wonder wherever she goes. She's the one, she's the only Amanda Fucking Palmer." De seguida vem a Australia. É um álbum completamente dedicado a este país. De certeza que vai ser adorado por todos os fãs australianos, mas como nunca fui muito patriota, o facto de ser exclusivamente sobre um país que não é o meu não me incomoda minimamente. A Vegemite fala sobre uma pasta para barrar no pão australiana, que aparentemente sabe a tristeza, bactérias e rabos. "I cannot hold a man so close who spreads this cancer on his toast. It is the vegemite, my darling, or it's me."
O facto de o álbum ser quase todo ao vivo, ao contrário do que eu estava à espera, faz com que seja muito mais pessoal e interessante. A Amanda Palmer está a cantar melhor que nunca. A seguir à Vegemite vem uma música que já todos conheciam, a Map of Tasmania, que é a música mais deslocada do álbum todo, no sentido em que podia ter sido tirada de um álbum da MIA ou da Peaches. Ainda assim, é divertida e ligeiramente viciante. Quando vi que a música seguinte, In my Mind, contava com a participação do Brian Viglione, fiquei esperançoso qe fosse na bateria. Não é. Ainda assim, é em instrumentos de percurssão e a música resultou muito bem.
A Amanda Palmer faz o que lhe apetece. Não é por grande parte dos álbuns seguirem o mesmo conceito/estética musical em todas as músicas que ela o vai fazer. O que ela queria era fazer algo que ainda não tinha feito antes e consegui. Em grande parte das músicas conseguimos ouvi-la a falar no início, a mandar gargalhadas e a parar a meio de músicas para continuar a falar. A Bad Wine and Lemon Cake, conta com a voz de Jane Austen. De seguida dedica uma canção à Nova Zelândia, por terem havido pessoas a queixar-se do facto de ela ter dedicado uma canção à Tasmânia. A On an Unknown Beach foi tavez a música que me surpreendeu menos, apesar de ser interessante. Muito provavelmente é uma grower. A We're Happy little vegemites é um momento que é capaz de chatear várias pessoas. A música é completamente cantada pelo público, por ser uma música de um anúncio australiano. Não me incomoda por ser muito pequena e por ajudar a contrastar com a música anterior, bastante dramática. Logo a seguir vem a Doctor Oz, que faz lembrar o som dos Dresden Dolls na fase do A is for Accident, com um som muito cabaret. Na Formidable Marinade a Amanda Palmer pede ao Mikelangelo que lhe diga como é que a música começa, por já se ter esquecido. É mais uma das músicas com piadas à mistura, desta vez cantada por Mikelangelo, que tem uma voz grave excelente, que faz lembrar o apresentador de um circo. "Sodomy is not just for animals. Human flesh is not just for cannibals." A última música, The Ship Song, é uma cover do Nick Cave. Amanda conseguiu captar a emoção toda do original, fazendo uma versão que, na minha opinião (que certamente não é a de muitos) é melhor que a do grande, grande Nick Cave.
Estava hesitante em relação a este álbum e estou à espera que as critícas sejam um pouco más (embora possa estar enganado). No entanto, adorei. É muito emocional. Muitas das músicas são acompanhadas apenas por piano ou cavaquinho, não havendo bateria em nenhum momento. É um álbum épico e grandioso para qualquer fã incondicional da Deusa que é a Amanda Palmer. Passou o Rolling Blackouts para segundo lugar dos meus álbuns preferidos deste ano até agora.

